*******

*******
A SAUDADE É A NOSSA ALMA DIZENDO PARA ONDE ELA QUER VOLTAR...

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Again... and again... Fellini!!!




“There is no end. There is no beginning. There is only the passion of life.”

Neon...

...or the lights that make you feel like a dizzy, happy, melancholic child!

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Books... Books... some more books...

"I have always imagined that Paradise will be some kind of library."

José Luis Borges




Comecei a ler quando tinha 5 anos; ainda antes de ir para a escola alguém me abriu as portas das letras e dos números antes sequer de eu perceber bem para quê precisava dessas coisas todas na cabeça; nunca lhe agradeci como devia ser e agora apercebo-me disso. 

Era uma miúda solitária, primeira filha, neta, sobrinha, os cuidados redobravam-se em atenções de que nem sempre se precisa; toda a gente tinha medo que me partisse e por isso nunca me deixavam brincar na rua, nem subir às árvores, a verdade é que os joelhos se esfolam na mesma e as cabeças racham-se, seja em casa, seja na rua; mas a solidão, este sentimento que só mais tarde percebi que se chamava assim, fazia-me viver num mundo de pessoas e sítios imaginados e inventados por mim, e que serviam para calar aquela moideira interior que ainda não tinha nome  e os risos dos outros putos que passavam lá fora em correria. Mas a verdade é que a calavam pouco...

Mas isto antes das letras... quando comecei a ler, sem ser só o bê-à-bá, quando as palavras se começaram a juntar em frases, que por sua vez se juntam em parágrafos e capítulos e livros e ideias e sonhos e caminhos e verdades imaginadas que são verdades do mundo; aí a moideira, a rai's parta da moideira, foi à sua vida, provavelmente para atormentar outras e outros, que esta moideira é uma sacana que não desiste!

Aí comecei a devorar livros como quem come bolos e morangos... Ainda bem que não são coisa de engordar ou ficava obesa! Ai, ai, ai, que coisa que eu tinha descoberto, para entrar no paraíso bastava abrir a capa e mergulhar por ele adentro, era a Esther Williams, nadava como uma verdadeira sereia entre as palavras!

Nos livros descobri amigos, viajei, insultei, amei, fui terrivelmente infeliz e soberbamente ditosa, fui sacana e Madre Teresa, descobri o Homem e descobri-me a mim; algumas coisas percebi desde logo, outras percebo agora e tantas ainda vou perceber com estas pequenas criaturas que em tantos formatos e cheiros (porque cada livro tem um cheiro) me enchem a vida e as carteiras (e muitas vezes me dão cabo das costas, porque alguns deles são pesados como o rai's parta); preenchi a vida e deixei que ela me preenchesse! 

Os livros tornaram-se uma paixão, companheiros inseparáveis, objectos que me definem e que por mim são definidos, demónios que às vezes te atormentam em deliciosos infernos, anjos que te iluminam por dentro, humanos que te abraçam, desiludem, carregam, apoquentam, abandonam, te fazem melhor ou pior pessoa, consoante o lado para que estão virados, se para o nascer ou para o pôr-do-sol.

No caminho da vida, graças ao senhor, ou à senhora, ou a Ganesha, sei lá eu bem, descobri, encontrei e amo, pessoas a sério, amigos, companheiros, "palhaços" que comigo apalhaçam e fazem da vida coisa séria; não me deixei ficar só pelas páginas inventadas da vida, escrevi e escrevo a cada dia parágrafos no meu livro dos dias a cada passo que dou nas estradas; escrita maravilhosa esta em que nunca sabes o que a caneta do destino vai sublinhar a seguir, e sou feliz onde estou, com quem estou e com quem sou, com a perfeita noção de que só nos livros podes espreitar a página final (coisa que nunca faço; custa-me sempre  tanto chegar ao fim de um livro, que me enche as medidas, que espreitar as páginas finais não era matá-lo a ele, mas sim a mim). 

No entanto, os meus fieis companheiros de capa e contracapa continuam a encher-me as prateleiras e a cabeça de "doçuras", sem um livro para ler sinto-me nua, manca e zarolha; seria impossível desistir desta relação de silêncios e intimidade que partilho com alguns dos livros que leio, daquela sensação de perda quando as páginas se fecham às palavras e o livro se acaba; desistir das ânsias que acontecem a cada virar de página seria desistir das ânsias de viver; desistir das gargalhadas sonoras que às vezes me provocam e das quais só nós dois sabemos a razão seria mesmo desistir das gargalhadas que dou na vida "real".

Abençoados sejam os senhores e as senhoras que sabem pôr a palavra falada em escrita, abençoadas as criaturas que inventaram as letras em papel, esse veículo maravilhoso onde se expressam as almas humanas; abençoado o senhor Guttenberg, que ainda por cima ajudou a acabar com a Idade das Trevas; abençoadas as bibliotecas; abençoado seja também o vinho tinto que tão bem acompanha uma leitura; abençoados sejam os livros, Ámen!!!


I find television to be very educating.  Every time somebody turns on the set, I go in the other room and read a book.
Groucho Marx 

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Edward Steichen

 There is a light in the darkness... e o trabalho do Senhor Steichen prova isso mesmo; entre romanticas e negras estas fotos provocam um arrepio algures entre o desejo e angustia...

A viagem do Elefante


"Como já deveríamos saber, a representação mais exacta, mais precisa, da alma humana é o labirinto. Com ela tudo é possível."  

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Got you, Cabron Eldorado!!!!

One doesn't "shine" without the other.



"Find beauty not only in the thing itself but in the pattern of the shadows, the light and dark which that thing provides."

 Junichiro Tanizaki

quarta-feira, 15 de junho de 2011

ANNA AKHMATOVA

À Noite
A música no jardim
tinha dor inexplicável.
Um cheiro de maresia
vinha das ostras no gelo.

Ele disse: "Sou fiel!"
e tocou-me no vestido.
Tão diverso de um abraço
era o toque dessas mãos.

Como quem acaricia
um gato ou um passarinho,
sorria, com os olhos calmos,
sob o ouro das pestanas.


A voz triste dos violinos
cantava, em meio à névoa:
"Dá graças a Deus que enfim
estás a sós com o amado".


................................................
................................................


Música 

Algo de miraculoso arde nela,
fronteiras ela molda aos nossos olhos.
É a única que continua a me falar
depois que todo o resto tem medo de estar perto.

Depois que o último amigo tiver desviado o seu olhar
ela ainda estará comigo no meu túmulo,
como se fosse o canto do primeiro trovão,
ou como se todas as flores explodissem em versos.

................................................
................................................

...

Ele gostava de três coisas neste mundo:
o coro das vésperas, pavões brancos
e mapas da América já bem gastos.
Não gostava de crianças chorando,
nem de chá com geléia de framboesa
e nem de mulheres histéricas
...e eu era a mulher dele.

So many reasons to love you...

http://dl.dropbox.com/u/19239733/DryTheRiver_NewCeremony.mp3

...this is one more!

sexta-feira, 3 de junho de 2011

You have the lovers *




You have the lovers,
They are nameless, their histories only for each other,
and you have the room, the bed, and the windows.
Pretend it is a ritual.
Unfurl the bed, bury the lovers, blacken the windows,
let them live in that house for a generation or two.
No one dares disturb them.
Visitors in the corridor tip-toe past the long closed door,
they listen for sounds, for a moan, for a song:
nothing is heard, not even breathing.
You know they are not dead,
you can feel the presence of their intense love.
Your children grow up, they leave you,
they have become soldiers and riders.
Your mate dies after a life of service.
Who knows you? Who remembers you?
But in your house a ritual is in progress:
It is not finished: it needs more people.
One day the door is opened to the lover's chamber.
The room has become a dense garden,
full of colours, smells, sounds you have never known.
The bed is smooth as a wafer of sunlight,
in the midst of the garden it stands alone.
In the bed the lovers, slowly and deliberately and silently,
perform the act of love.
Their eyes are closed,
as tightly as if heavy coins of flesh lay on them.
Their lips are bruised with new and old bruises.
Her hair and his beard are hopelessly tangled.
When he puts his mouth against her shoulder
she is uncertain whether her shoulder
has given or received the kiss.
All her flesh is like a mouth.
He carries his fingers along her waist
and feels his own waist caressed.
She holds him closer and his own arms tighten around her.
She kisses the hand besider her mouth.
It is his hand or her hand, it hardly matters,
there are so many more kisses.
You stand beside the bed, weeping with happiness,
you carefully peel away the sheets
from the slow-moving bodies.
Your eyes filled with tears, you barely make out the lovers,
As you undress you sing out, and your voice is magnificent
because now you believe it is the first human voice
heard in that room.
The garments you let fall grow into vines.
You climb into bed and recover the flesh.
You close your eyes and allow them to be sewn shut.
You create an embrace and fall into it.
There is only one moment of pain or doubt
as you wonder how many multitudes are lying beside your body,
but a mouth kisses and a hand soothes the moment away.

*descaradamente roubado à minha bela Cila...

A 29/03/2010...

...um mail, o meu coração a bater para saber o que tinhas enviado... uma letra, um sonho de cheiro e de olhares que se queriam cruzar... hoje os cheiros misturam-se e os olhos sorriem de amor quando bem próximos nós tocamos a alma um do outro!

Ainda mais belo e importante agora do que naquela altura... agora real!

O nosso mar...


Aprendamos, Amor
Aprendamos, amor, com estes montes 
Que, tão longe do mar, sabem o jeito 
De banhar no azul dos horizontes. 

Façamos o que é certo e de direito: 
Dos desejos ocultos outras fontes 
E desçamos ao mar do nosso leito. 

José Saramago, in "Os Poemas Possíveis"