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sábado, 15 de maio de 2010

O martelinho de S. João... a história perdida!




Há uns tempos atrás alguém me perguntou qual era a história por trás dos martelos de S. João e eu apercebi-me que não fazia ideia e que, pior, como eram um dado adquirido, nem sequer nunca me tinha questionado sobre isso...
Aliás a minha primeira resposta foi:
-Agora é que me fodeste com essa!
Ainda andei pela net a tentar descobrir o porquê da coisa, mas nada... pelos visto não fiz uma pesquisa como deve ser... pois acontece que quem me pôs a questão, também me mandou a resposta... Que vergonha da minha cara!!!
Prometo que para a próxima serei mais eficiente na procura de resposta para questões que daí venham!
Para compensar esta minha falha de cultura portuense, deixo aqui um convite, para quem tão sabiamente se interrogou sobre a questão martelinho, para uma sardinhada S. Joanina, com marteladas à mistura e direito a soltar balão e tudo... até junto um caldo verde para tornar o convite mais aliciante!

E sem mais demoras... cá vai a maravilhosa história do martelinho de S. joão!

"O martelo de S. João foi inventado em 1963 por Manuel António Boaventura, industrial de Plásticos do Porto, que tirou a ideia num saleiro/pimenteiro que viu numa das suas viagens ao estrangeiro. O conjunto de sal e pimenta tinha o aspecto de um fole ao qual adicionou um apito e um cabo vindo a incorporar tudo no mesmo conjunto e dando-lhe a forma de um martelo. O objectivo inicial era criar mais um brinquedo a adicionar à gama de que dispunha.
Nesse mesmo ano os estudantes abordaram o Sr. Boaventura com o intuito de lhes ser oferecido para a queima das fitas um “brinquedo ruidoso”, ao que o Sr. Boaventura acedeu oferecendo o que de mais ruidoso tinha...os martelinhos. A queima das fitas foi um sucesso com os estudantes a dar “marteladas” o dia todo uns nos outros e logo os comerciantes do Porto quiseram martelinhos para a festa de S. João.
Esse ano o stock era pouco mas no ano seguinte os martelos foram vendidos em força para esta festa e ao mesmo tempo oferecidos pelo Sr. Boaventura a crianças do Porto.
Assim o martelinho entrou nas festa do S. João sendo aceite incondicionalmente pelo povo nos seus festejos.
A venda fez-se normalmente durante 5 ou 6 anos até que um dia o Vereador da cultura da Câmara do Porto, Dr. Paulo Pombo e o Presidente da Câmara do Porto Engº Valadas chegaram á conclusão de que este brinquedo ia contra a tradição e decidiram fazer uma queixa ao Governador Civil do Porto Engº Vasconcelos Porto, queixa esta que foi aceite tendo mesmo o Governador Civil notificado o Sr. Boaventura de que no ano seguinte estava proibido de vender martelos para a festa de S. João, mandando avisar que quem fosse apanhado com martelos na noite de S. João seria multado em 70$00 (na época ganhava-se cerca de 30$00), e mandando retirar os martelos das lojas comerciais onde estavam á venda. O que é certo é que o povo não acatou esta decisão e continuou a usar o martelo nos seus festejos.
O Sr. Boaventura ao ver-se lesado e injustiçado nesta decisão do Governo Civil levou então a questão a tribunal, perdendo em 1ª e 2ª instância. (estava-se no tempo de Américo Tomás e Marcelo Caetano e consequentemente da PIDE). No entanto no ano de 73 recorreu para o Supremo Tribunal e ganhou a questão, podendo assim continuar a fazer os martelinhos que se tornaram tradição popular não só no S. João do Porto, como no S. João de Braga, Vila do Conde, Carnaval de Torres Vedras, Passagens de ano, campanhas de partidos políticos, etc.
Os martelos sofreram inúmeras alterações ao longo dos anos mas a tradição ficou e a sua história perdeu-se com o tempo...."

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